Com agência Reuters
O nono dia oficial de competições nos Jogos Olímpicos de Pequim terminou com gosto amargo para o esporte brasileiro. O país perdeu neste domingo uma das maiores chances que tinha de conquistar mais uma medalha de ouro, quando o ginasta Diego Hypólito cometeu um erro em seu último movimento na final masculina do solo, e caiu. A queda acabou com a possibilidade de triunfo do atleta, que era o favorito para vencer no aparelho.
A queda de Hypólito, no entanto, não foi a única derrota deste domingo para a ginástica artística brasileira em Pequim. No feminino, Jade Barbosa e Daiane do Santos também desperdiçaram suas oportunidades de conquistar uma medalha, ao saírem derrotadas nas finais do salto e do solo respectivamente. Embora não tenham chagado às decisões ostentando o favoritismo de Hypólito, as derrotas marcaram o dia negativamente para a delegação brasileira na China.
A decepção foi sentida especialmente por Hypólito. Após ir ao solo na conclusão de seu movimento final, o duplo twist grupado, o ginasta levou as mãos à cabeça ao deixar o tablado e sentou-se perplexo próximo do técnico. "Ele estava no momento dele, não adiantava falar nada. Ele só repetia 'eu não acredito, eu não acredito'. Falou isso umas 15 vezes", contou Araújo.
"É um movimento que eu faço há muitos anos, que eu nunca erro", afirmou Diego após a competição, umas das poucas frases que conseguiu pronunciar ao passar pelos jornalistas. "Gente, não sei o que aconteceu. Eu estava muito bem, estava tudo muito certo, isso é uma coisa que eu nunca esperei que fosse acontecer", disse.
Alívio – Já entre as mulheres Jade Barbosa se mostrou aliviada com o fim das competições para os brasileiros na Olimpíada. "Nossa, fico bem feliz que acabou, porque eu já estava com o coração explodindo aqui, de nervoso, expectativa, não só minha, de todo mundo. Você sofre não só com você, mas com os outros também", afirmou a atleta, dada a rompantes de choro.
A principal ginasta brasileira hoje conseguiu uma inédita classificação para a final do salto, mas falhou na execução e ficou em sétimo lugar. Apesar da ansiedade, Jade avaliou como positiva a participação da ginástica, destacando também a final por equipes – inédita até então para o país.
Daiane dos Santos, por sua vez, confirmou ter encerrado em Pequim suas participações em Jogos Olímpicos. "Acho que eu consegui muita coisa. Fiz parte da etapa em que a gente não tinha nada e também agora que a gente tem muita coisa, médicos, técnicos, fisioterapeutas. Fiquei muito feliz de participar de duas Olimpíadas e acho que quebramos barreiras em cada uma delas."
Na China, ela ganhou uma nova chance na final do solo – em Atenas-2004, quando era favorita ao ouro, Daiane pisou fora do tablado e perdeu a medalha. A ginasta, entretanto, decepcionou, ao cometer exatamente as mesmas falhas: duas pisadas fora do tablado. Apesar do erro, ela afirmou que não teria nota para disputar medalhas, mesmo que não tivesse falhado. "Meu objetivo era ir para a final e eu consegui."
Próximos passos – A chefe da equipe brasileira de ginástica, Eliane Martins, confirmou que a Confederação Brasileira de Ginástica vai dar uma pausa de seis meses para a seleção permanente após os Jogos e disse que a continuidade ou não do técnico ucraniano Oleg Ostapenko ainda será discutida. "O contrato dele termina agora. A presidente (da confederação) vai conversar com ele quando voltarmos pro Brasil, para ver quais são os objetivos, ver o que ele pensa sobre o futuro", afirmou.
Ela disse que a equipe deixará Pequim um pouco frustrada, apesar da evolução na comparação com Atenas. "Não foi o que a gente desejava. Tínhamos certeza de que sairíamos daqui com uma medalha. Tinha o Diego, a Jade, a Daiane...".
Instada a comparar a ginástica brasileira com as potências que dominaram os Jogos, como China e Estados Unidos, Eliane respondeu: "Os norte-americanos têm pelo menos 200 ginastas do nível das que estavam aqui. E eles precisam tirar seis para os Jogos. Nós temos que tirar seis de nove", afirmou. Ela admitiu, contudo, que um detalhe que deve continuar sendo trabalhado na equipe é a questão da ansiedade no momento de definição. "Vamos ter que avaliar esse peso da medalha."
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