FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
Os alunos da rede estadual de SP têm desempenho melhor que os das escolas municipais na 4ª série. A situação, porém, é oposta na 6ª e na 8ª séries.
O panorama vale tanto para as médias em língua portuguesa quanto para matemática.
Na 4ª série, os alunos da rede estadual tiveram 17,81 pontos a mais que os do sistema municipal em português -na escala utilizada, a cada dez pontos significa o equivalente a seis meses a mais de aprendizagem.
Já na 8ª série, os estudantes das escolas municipais tiveram 21,58 pontos de vantagem em matemática, a maior diferença entre as séries analisadas.
A comparação é possível porque os exames aplicados pelos dois sistemas -Prova São Paulo (da prefeitura) e Saresp (do governo estadual) --estão ajustados em uma mesma escala de notas. Utilizam também o mesmo formato de provas.
Os resultados do Saresp foram divulgados anteontem, e a Prova São Paulo, em fevereiro.
Ambos os exames, que seguem o modelo do Saeb (prova do governo federal), foram aplicados no final do ano passado.
A Secretaria da Educação do governo José Serra (PSDB), por meio da assessoria, informou que a explicação está na diferença do tamanho das redes.
Enquanto na 4ª série o sistema estadual tem 18,3% alunos a mais que a rede municipal na capital, nas séries com estudantes mais velhos e chega a 62,7% na 8ª série.
Com mais alunos, diz a pasta, é mais difícil melhorar o ensino. A secretaria diz ainda que tem políticas para melhorar o rendimento em todas as séries, como programas de reforço.
Já o secretário da Educação do prefeito Gilberto Kassab (DEM), Alexandre Schneider, não quis comentar a comparação. "O que posso dizer é que os dados mostram que a política de ciclos está dando certo na prefeitura, pois o aluno melhora a cada série que avança."
Schneider disse também que "mesmo com a melhora, estamos cientes de que os resultados ainda não são bons".
Para o docente da Faculdade de Educação da USP, o fato de a rede ter mais estudantes não explica a diferença. "Só há impacto negativo se as salas estiverem com mais alunos", disse ele, que é membro do Conselho Municipal de Educação.
A Folha pediu no final da tarde de ontem ao Inep (instituto de pesquisas do MEC) a média de alunos por turma nas redes, mas não foi possível levantar os dados.
www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u382217.shtml
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