Ucranianos fizeram protesto em Kiev contra presença do presidente americano.
Bush visitará Ucrânia, Romênia, Croácia e Rússia.
A capital ucraniana recebe com medidas extremas de segurança o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que começa nesta segunda-feira (31) uma visita ao país em forte respaldo às autoridades da Ucrânia e a seus planos de ingresso na Otan.
Mais de 4.000 policiais e soldados do Ministério do Interior participam do dispositivo de segurança montado para a visita do chefe da Casa Branca, adiantou o vice-ministro da pasta, Alexander Savchenko.
Ele explicou que por pedido da parte americana o trânsito pela estrada de 30 quilômetros que liga o aeroporto de Borispol a Kiev será suspenso duas horas antes da passagem do cortejo presidencial, o que "representará incômodos aos cidadãos".
"Há exigências do serviço de segurança da visita e devemos cumpri-las", disse o vice-ministro do Interior, citado pelo jornal digital "Korrespondent.net".
Centenas de opositores ucranianos de esquerda instalaram nesta segunda-feira tendas de campanha na Praça da Independência, como protesto contra a visita do presidente dos Estados Unidos e contra a integração do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
"Não à Otan" e "Bush, ditador sanguinário", foram as frases de alguns dos cartazes dos manifestantes, que responderam à convocação dos partidos Comunista e Socialista Progressista da Ucrânia.
O número 2 dos socialistas progressistas, Vladimir Marchenko, disse à agência "Interfax" que, "em violação dos compromissos de neutralidade assumidos pela Ucrânia, Bush vem a Kiev apoiar (o presidente Victor) Yushchenko e (a premiê Yulia) Timoshenko no assunto da entrada na Otan".
A ação de protesto deve durar até o próximo dia 4 (sexta-feira), disse Marchenko, acrescentando que pode terminar antes se a cúpula da Otan que começa na próxima quarta-feira, em Bucareste, não der o sinal verde ao começo do plano de ação para a adesão da Ucrânia.
Um forte apoio à Ucrânia e à Geórgia, e um pedido para aumentar o número de soldados no Afeganistão, será a mensagem do presidente dos EUA em sua ida ao Leste Europeu.
Bush visitará Ucrânia, Romênia, Croácia e Rússia, esta última anunciada praticamente no último momento, com a intenção de despedir de Vladimir Putin, presidente russo com o qual manteve uma relação cheia de altos e baixos ao longo de oito anos.
Espera-se que os aliados convidem a Croácia, Macedônia e Albânia a ingressarem na organização e abordem a possibilidade de um "plano de ação" que abra o caminho para a entrada futura da Ucrânia e da Geórgia.
Putin se opõe à entrada da Ucrânia e da Geórgia - antigas repúblicas soviéticas - na órbita da Otan, exatamente uma das premissas em que os Estados Unidos se mostram mais firmes.
"Acho que uma das mensagens que devemos enviar é de que há um claro caminho pela frente para a Ucrânia e a Geórgia", disse Bush esta semana em uma entrevista à imprensa européia oriental.
"A Otan se beneficiará, a Ucrânia e a Geórgia se beneficiarão com o ingresso", afirmou o presidente dos EUA.
Essa posição é confrontada pela Alemanha, França, Espanha e por outros governos ocidentais de peso, que não estão convencidos de que seja o melhor momento para encorajar Kiev e Tbilisi, ante o temor das repercussões que isso possa ter nas relações com Moscou.
O presidente americano pretende pressionar também os aliados para um aumento das tropas da Otan no Afeganistão.
"Parte de nossa missão coletiva na Romênia para a reunião da Otan é encorajar o povo a levar a sério nossas obrigações", disse.
Os EUA prometeram o envio de 3.200 efetivos da infantaria da Marinha para uma força internacional que conta com cerca de 56 mil soldados - apenas um terço do efetivo norte-americano no Iraque, um país de menor tamanho e situado em uma região menos hostil que o Afeganistão.
Durante sua estada na Romênia, Bush se reunirá também com o presidente Traian Basescu e o primeiro-ministro Calin Popescu-Tariceanu.
Expressará a eles que a realização da cúpula da Otan ali é "testemunho de como a ampliação da Aliança contribuiu para a transformação, com sucesso, da Romênia e de outras novas democracias", nas palavras do conselheiro de Segurança Nacional, Stephen Hadley.
Uma mensagem similar de apoio às reformas democráticas será o alvo da primeira etapa de sua viagem, a Kiev, onde se reunirá com o presidente Víctor Yushchenko e a primeira-ministra Yulia Timoshenko.
Após Bucareste, a viagem presidencial levará Bush à Croácia, um dos países que serão convidados a fazer parte da Otan.
Durante sua estadia, o presidente se reunirá com as autoridades do país e participará de um almoço com os representantes dos três novos países convidados a integrar a Aliança.
A viagem culminará em Sochi, uma cidade do balneário russo às margens do Mar Negro, onde acontecerá, possivelmente, a última reunião entre Bush e Putin.
Em 2000, as relações entre os dois países se esfriaram gradualmente. Nos últimos meses foram motivo de irritação: a independência do Kosovo, reconhecida por Washington, e os planos dos EUA de colocar um escudo antimísseis na Polônia e na República Tcheca.
O objetivo da reunião, que em princípio será assistida também pelo sucessor de Putin, Dimitri Medvedev, recentemente eleito, é deixar as relações encaminhadas "de modo que estejam em boa forma para entregá-las a seus respectivos sucessores", segundo Hadley.
Washington indicou sua disposição de abordar, durante essa reunião, o escudo antimísseis com a intenção de "dar confiança" à Rússia de que o sistema não se dirige contra Moscou.
Após sua reunião com Putin, Bush deve retornar a Washington no próximo domingo (6 de abril).
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