Raphael Zarko, JB Online
RIO DE JANEIRO - Um relatório inédito divulgado pelo Greenpeace na manhã desta segunda-feira mostra como grandes empresas mundiais do setor de alimentos e vestuário contribuem com o desmatamento da Amazônia. Em levantamento de três anos realizado pelo instituto no Brasil, a ONG descobriu que, mesmo que involuntariamente, marcas como Nike, Adidas, BMW, Gucci, Timberland, Honda, Wal Mart e Carrefour impulsionam o desmatamento da floresta brasileira. Ainda segundo o instituto, o BNDES também é responsável por devastar a floresta amazônica, através de linhas de financiamentos para empresas e até mesmo comprando ações dessas companhias.
- A maioria das empresas com as quais entramos em contato ao longo desse tempo negam que comprem produtos, como couro de animais mortos ilegalmente na Amazônia. Eles dizem que compraram fora do Brasil ou em outro estado. Mas a partir de agora, estão avisados e vamos pressioná-los para tomarem atitudes responsáveis nesse sentido - afirmou André Muggiati, coordenador da campanha "Desmatamento Zero", do Greenpeace.
Muggiati reconhece que a cadeia de compra dos fornecedores da indústria de vestuário e alimentos é "longa e complexa", passando muitas vezes por outros estados brasileiros e países como o Vietnã. EUA, Itália e países asiáticos são três dos principais destinos de estofados de automóvel, processados a partir do couro da floresta amazônica.
- Antes eles tinham o benefício da dúvida. Por isso não podemos afirmar que eles sabem de onde compram, quem são os fornecedores. Ninguém da Nike, por exemplo, pode saber de onde vem o couro de um tênis - disse o coordenador do Greenpeace, que citou duas grandes empresas de frigoríficos (Bertim e Marfrig) que compram de fazendas envolvidas em desmatamento na região amazônica.
- Não é mais admissível que as empresas façam produto sujo. Existe uma grande preocupação no mercado, inclusive de acionistas dessas grandes empresas, com relação a isso.
Em coletiva realizada em São Paulo, os dirigentes do Greenpeace prometeram pressionar o governo e as empresas citadas no relatório para mudarem de atitude em relação ao incentivo do desmatamento na Amazônia. O Greenpeace também criticou a Medida Provisória 458, assinada em fevereiro desse ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prevê a regularização fundiária de mais de 60 milhões de hectares de terras.
- Essa MP foi editada pelo deputado Asdrubal Bentes (PMDB-PA), de Marabá, uma das regiões mais devastadas. E a relatora é a a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Infelizmente, uma medida tão importante como esta fica na mão dos ruralistas. Essa MP precisa ser discutida pela sociedade, e tem que virar um projeto de lei - disse André Muggiati, que promete novas manifestações da ONG - Pacíficas, criativas e irreverentes como sempre.
http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/06/01/e010612073.asp
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