Presidente venezuelano Hugo Chávez duarnte cerimônia no Palácio Miraflores, em Caracas |
CARACAS (AFP) — O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta sexta-feira que ordenou pessoalmente a expulsão do país de dois ativistas da Human Rights Watch (HRW), e acusou a organização de defesa dos direitos humanos de "fazer o trabalho sujo dos ianques".
A chancelaria venezuelana comunicou na noite de quinta-feira a expulsão do diretor para as Américas da HRW, o chileno José Miguel Vivanco, e de seu assessor, o americano Daniel Wilkinson, que apresentaram em Caracas um relatório criticando a situação dos direitos humanos na Venezuela.
"Ontem chegou à Venezuela um destes personagens que andam fazendo o trabalho sujo dos ianques e começou a dar declarações, então chamei o chanceler e lhe disse: expulse-o daqui", revelou Chávez sobre Vivanco, durante um ato público no estado de Guárico, 80 km a sudoeste de Caracas.
"Não vamos permitir que estrangeiros venham aqui para julgar o povo venezuelano", disse o presidente para milhares de partidários que assistiam a um comício para as eleições regionais e municipais de novembro próximo.
Chávez reafirmou que o governo americano está por trás de um complô para derrubá-lo e assassiná-lo, e que a visita dos representantes da HRW à Venezuela faz parte deste plano.
"O presidente dos Estados Unidos (George W. Bush) está desesperado porque sabe que tem os dias contados e trata de fazer qualquer coisa para incendiar não apenas a Venezuela, mas todo o continente".
O relatório apresentado por Vivanco, chamado de "Uma década do governo Chávez: intolerância política e oportunidades perdidas para o progresso dos direitos humanos", acusa o governo venezuelano de manipular o Poder Judiciário e de enfraquecer o sistema democrático.
Segundo o ministro venezuelano de Comunicações e Informação, Andrés Izarra, a "Human Rights Watch é uma ferramenta ativa no processo de desestabilização" e está ligada aos setores golpistas.
A HRW, que tem sede em Washington, "é uma organização de fachada dos interesses mais bastardos da oligarquia venezuelana e do imperialismo americano", e o governo Chávez não vai "tolerar mais este tipo de ingerência".
Vivanco, que seguiu de Caracas para São Paulo, disse nesta sexta-feira à AFP que sua expulsão é algo "muito grave", que estabelece "um precedente muito negativo e envia uma mensagem para intimidar os que se dedicam a promover e defender os direitos humanos na Venezuela".
O diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, destacou em um comunicado que "Chávez pode ter expulso o mensageiro, mas, simplesmente, reforçou a mensagem de que as liberdades civis na Venezuela estão em perigo".
http://afp.google.com/article/ALeqM5g6r-Se1VC7NaHxVmMuyeIfG_uCCA
Nenhum comentário:
Postar um comentário