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Rio de Janeiro, Brasil, 30 Set (Lusa) - O Acordo Ortográfico dos países de língua portuguesa contribuirá para fortalecer a base linguística comum dos oito países lusófonos, defendeu o Presidente brasileiro, Lula da Silva.
Para o Presidente brasileiro, que promulgou segunda-feira o acordo, numa sessão solene na Academia Brasileira de Letras no Rio de Janeiro, a reforma da ortografia, além de unificar o registo da escrita, irá difundir a produção intelectual a partir da padronização da língua.
"O acordo vem coroar o competente e dedicado labor de linguistas, filólogos e gramáticos de todos os países integrantes da CPLP. Ele tem, na verdade, uma importância maior do que pode parecer à primeira vista", disse Lula da Silva.
O chefe de Estado brasileiro defendeu, por isso, que o acordo "precisa ser divulgado e explicado com clareza" para que se perceba "a sua pertinência e, sobretudo, o seu significado estratégico no que diz respeito à cooperação entre os países lusófonos e à própria presença da língua portuguesa e das nossas literaturas no mundo".
Por seu lado, o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, considerou este acordo estratégico, considerando que uma escrita comum vai permitir que "o português seja uma língua internacionalmente reconhecida".
Em declarações à Agência Lusa, Seixas da Costa reconheceu, no entanto, que apesar do acordo representar "um salto qualitativo naquilo que pode ser um grande momento de afirmação da língua portuguesa no contexto internacional", ainda há resistências à sua aplicação.
"O acordo é sempre algo traumático relativamente à mudança da maneira como se escreve. Ninguém gosta de mudar a sua maneira, mas as pessoas podem ter a consciência de que fazer algumas adaptações pode conduzir a uma maior eficácia na promoção internacional da língua", considerou.
Para o embaixador Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras e também académico correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, em Portugal, a reforma ortográfica vai facilitar a "vida" dos países que falam o idioma comum.
"Até mesmo os documentos tinham que ser duplicados pela existência de duas ortografias. Na realidade, as diferenças ortográficas são mínimas, irrelevantes mas criam barreiras", afirmou à Lusa o académico.
O Acordo Ortográfico foi aprovado em Dezembro de 1990 pelos então, setes países da CPLP (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe). Timor-Leste só aderiu à organização em 2004, depois da independência.
De acordo com os estatutos da CPLP, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa deveria entrar em vigor quando três países da comunidade concluíssem os trâmites internos para o processo de ratificação.
O Acordo Ortográfico foi também ratificado por Portugal, Cabo Verde e São Tomé, mas ainda não está em vigor.
No Brasil, o acordo entrará em vigor a partir de Janeiro de 2009 e será introduzido nos livros escolares em 2010, de forma gradual, para se tornar obrigatório em 2012.
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