terça-feira, 29 de julho de 2008

Diretor-geral da OMC confirma fracasso de negociações da Rodada de Doha








Desavenças entre EUA, Índia e China determinaram novo colapso das negociações.
Para Celso Amorim, retomada das negociações pode levar de três a quatro anos.
Do G1, em São Paulo

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, confirmou nesta terça-feira (29) diante dos 153 países-membros desta instituição que as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha fracassaram. Mais cedo, representantes da Índia e da China haviam abandonado a sala de negociações após desavenças com os americanos sobre proteção a seus pequenos agricultores.

"Este encontro fracassou", foram as primeiras palavras de Lamy na coletiva de imprensa que resumiu os nove dias de negociação em Genebra. "Eu esperava chegar com boas notícias. Eu esperava falar que as tarifas européias haviam sido cortadas, que os subsídios haviam sido removidos. Tudo estava certo para um pacote final. Mas algumas partes importantes faltaram. O que deixaram escapar por seus dedos foi um pacote de US$ 113 bilhões", disse o diretor-geral da OMC, referindo-se ao volume de comércio exterior esperado com a liberalização que seria obtida pelo acordo.

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O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, em entrevista para comunicar o fim das negociações (Foto: Fabrice Coffrini/AFP)
Três a quatro anos

Pascal Lamy confirmou que os países não conseguiram resolver os impasses sobre a redução dos subsídios agrícolas e das tarifas de importação de produtos industrializados. Ele afirmou, no entanto, que entre 80% e 85% das negociações haviam sido concluídas antes do colapso. Falando à imprensa, o diretor da OMC se recusou a apontar culpados pelo fracasso. Ele não quis determinar uma data para a retomada das conversas para a liberalização do comércio internacional.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que, com o colapso das discussões, pode levar até três ou quatro anos para que as negociações para a liberalização dos mercados sejam retomadas.

Ao sair da seda de OMC, a representante americana Susan Schwab, com o rosto expressando decepção, disse: "Estávamos tão perto (de um acordo) na sexta-feira." Ela afirmou que os EUA manterão sobre a mesa as ofertas feitas durante as negociações dos últimos dias. O ministro de Comércio da Nova Zelândia também lamentou o fiasco, confirmando que a negociação havia acabado.

Desta vez, Índia e China entraram em rota de colisão com exportadores de alimentos como os EUA a respeito de garantias para impedir a entrada em massa de comida importada, enquanto continuam a persistir as divergências sobre outras partes fundamentais do acordo.

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A representante dos EUA, Susan Schwab, fala a jornalistas na saída das negociações na sede da OMC (Foto: Fabrice Coffrini/AFP)
Retomada em setembro

Agora, o diretor-geral da OMC tenta agora convencer os países a preservar os ganhos da negociação de quase dez dias entre os ministros, para tentar retomar as conversas em setembro.

"É difícil olhar para o futuro neste ponto. O que aconteceu hoje certamente não vai fortalecer o sistema. Teremos um caminho difícil à frente. Continuarei a servir essa organização e seus membros da melhor maneira possível", ressaltou o diretor-geral da OMC.

Entenda

Ministros de cerca de 35 países se reuniram em Genebra, na Suíça, desde o dia 21 de julho, para dar continuidade às negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). O encontro em Genebra, originalmente programado para durar até sábado (26), foi estendido até a próxima quarta-feira (30). Entretanto, um dia antes do previsto as negociações foram canceladas.

A Rodada Doha foi lançada há sete anos, mas está paralisada devido a divergências sobre o nível de abertura em setores de interesse de países ricos e pobres. Os países em desenvolvimento querem maior abertura no setor agrícola das nações desenvolvidas, incluindo a redução ou o fim de subsídios. O bloco dos países desenvolvidos pressiona por maior abertura nos setores de indústria e serviços.

(Com informações da Reuters, da EFE, do Valor OnLine e da France Presse)


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http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL704801-9356,00
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