O presidente americano, Barack Obama, discursa em sessão conjunta das duas câmaras do Congresso americano, no Capitólio
WASHINGTON, EUA (AFP) — O presidente americano, Barack Obama, garantiu nesta terça-feira que os Estados Unidos vão sair da atual crise econômica mais fortes do que nunca, em seu primeiro discurso no Congresso como chefe da nação, no qual também prometeu responsabilidade e austeridade.
"Hoje, eu quero que cada americano saiba disso: nós vamos reconstruir, nós vamos nos recuperar, e os Estados Unidos da América emergirão mais fortes do que antes", afirmou.
"Aquelas qualidades que fizeram dos Estados Unidos a maior força do progresso e da prosperidade da história da humanidade ainda estão em nós em grande medida", disse o presidente.
"É necessário agora que este país se recomponha, enfrente com coragem os desafios que estão postos, e assuma a responsabilidade pelo nosso futuro mais uma vez".
Obama revelou que cortará dois trilhões de dólares em gastos do orçamento nos próximos dez anos, com o fim de programas obsoletos de armamentos da época da Guerra Fria, em um novo "dia de ajuste de contas" para a economia do país.
"Vamos eliminar contratos sem licitação, que desperdiçaram bilhões de dólares no Iraque, e reformar nosso orçamento de Defesa para que paremos de pagar por sistemas de armamentos da época da Guerra Fria que não usamos".
Segundo o presidente, seus assessores estão examinando o orçamento federal em busca de gastos dispensáveis, com o objetivo de reduzir o déficit do país (que deve chegar a 1,3 trilhão de dólares em 2009) pela metade até o fim de seu mandato.
"Já identificamos dois trilhões de dólares que poderão ser economizados ao longo da próxima década (...) Neste orçamento, acabaremos com programas educacionais que não funcionam e subsídios diretos para a ampliação do agronegócio, que não precisa deles".
Segundo Obama, os americanos já viveram tempo demais com uma mentalidade de recompensa em ganhos a curto prazo, em detrimento de uma prosperidade a longo prazo, "pois falhamos em ver além do próximo pagamento, da próxima quinzena, ou da próxima eleição".
"De modo geral, debates cruciais e decisões difíceis foram adiadas em troca de mais tempo para algum outro dia - bem, este dia de ajuste de contas chegou, e o tempo para assumir a responsabilidade pelo nosso futuro está aqui", declara Obama.
Obama admitiu que o socorro aos bancos americanos custará mais que o previsto, mas garantiu que os depósitos dos americanos estão seguros, e pediu ao Congresso a adoção rápida de uma lei para regular o sistema financeiro.
O presidente anunciou uma nova era de créditos, no que será o "maior esforço" para ajudar as pequenas empresas e consumidores e estimular a economia.
"Estamos criando um novo fundo de crédito que representa o maior esforço já realizado para automóveis, escolas e pequenos negócios, para os consumidores e para os empresários que mantêm a economia funcionando (...) O fluxo de crédito é o sangue da nossa economia".
O presidente prometeu manter o socorro às montadoras, ao afirmar que "milhões de empregos estão na corda bamba". "Dezenas de cidades dependem disto. Acredito que o país que inventou o automóvel não pode abandoná-lo".
Obama defendeu um sistema de cotas de emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa, visando combater o aquecimento global: "para realmente transformar nossa economia, proteger nossa segurança e salvar nosso planeta da mudança climática, temos que desenvolver fontes de energia limpas e renováveis (...) peço ao Congresso que me envie uma legislação que estabeleça os limites para a emissão de gases do efeito estufa baseada no mercado e que promova a produção de mais energia renovável nos Estados Unidos".
Sobre a reforma do sistema de saúde, uma das bandeiras da campanha democrata, Obama afirmou que "dará maior quantidade de recursos para a prevenção, que é um dos melhores meios para manter a boa saúde das pessoas e controlar os gastos".
O presidente pediu aos estudantes americanos que não abandonem a escola secundária, ao defender que a força de trabalho da América deve ser mais competitiva para enfrentar os desafios do futuro.
"É responsabilidade de cada cidadão participar" da educação. "Peço esta noite a cada americano se comprometa ao menos a ter um ano do terceiro grau ou curso técnico de uma profissão. Deixar o secundário já não é uma opção. Não é apenas abandonar a si mesmo, é abandonar seu país, um país que precisa e valoriza os talentos de cada americano".
Falando ao planeta, Obama destacou que "com fatos e com palavras", os Estados Unidos "estão mostrando ao mundo que uma nova era de diálogo começou".
"Sabemos que os Estados Unidos não podem enfrentar as ameaças sozinhos, mas o mundo também não pode enfrentá-las sem a ajuda dos Estados Unidos (...) Não podemos ignorar a mesa de negociações, mas também não podemos ignorar as forças e pessoas que possam nos fazer dano".
O presidente prometeu uma justiça "rápida" para os terroristas capturados pelos Estados Unidos, afirmando que "para superar o extremismo, temos que permanecer vigilantes na manutenção dos valores que nossas tropas defendem, porque não há força no mundo mais poderosa que o exemplo dos Estados Unidos".
Obama revelou que "para aliviar as forças" americanas, seu orçamento incluirá "um aumento do número de soldados e fuzileiros navais", e prometeu melhores salários e assistência médica para os americanos que defendem a nação.
O presidente também prometeu que seu orçamento não "esconderá" os preços da Guerra no Iraque e no Afeganistão: "durante sete anos, temos sido uma nação em guerra, mas agora não esconderemos seu custo".
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