da Folha Online
A milícia xiita do Hizbollah apoiada pelo Irã tomou o controle da metade muçulmana de Beirute nesta sexta-feira, no que a coalizão governista apoiada pelos EUA classificou de "um sangrento golpe armado".
Os EUA apontaram para as ligações do Hizbollah com o Irã e com a Síria e disseram estar discutindo com outros países sobre a tomada de providências contra "aqueles responsáveis pela violência".
Nasser Nasser/AP |
Cartaz de Rafik Hariri em chamas após grupo atear fogo em prédio |
Ao menos 18 pessoas morreram e outras 38 ficaram feridas nos três dias de confrontos entre grupos armados pró-governo e guerrilheiros do Hizbollah, movimento xiita com umas das guerrilhas mais poderosas do mundo.
A violência ocorre após 17 meses de impasse entre a oposição liderada pelo Hizbollah, que demanda maior poder no governo, e a coalizão governista. A disputa pelo poder paralisou o país e o deixou sem presidente desde novembro passado.
O pior conflito interno do Líbano desde a guerra civil (1975-1990) teve início nesta semana depois de o governo decidir desmantelar a rede de comunicações do braço militar do Hizbollah. O grupo afirmou então que o governo havia declarado guerra.
Em cenas que lembram a guerra civil, homens com rifles circulam pelas ruas entre carros destruídos e construções em chamas.
A intensidade dos confrontos diminuiu quando simpatizantes armados do governo, muitos deles leais ao líder sunita Saad al Hariri, entregaram suas armas e cargos ao Exército, que tenta se manter neutro no conflito.
Síria e Irã
A coalizão governista anti-Síria disse que o "sangrento golpe armado" têm como objetivo aumentar a influência do Irã e restaurar a da Síria, forçada a retirar suas tropas do país em 2005.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a secretária de Estado havia telefonado aos seus homólogos francês e saudita e ao secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon, para discutir "o que o sistema internacional pode fazer para apoiar o governo libanês (...) frente aos atos ilegais das gangues armadas".
"As ligações que sabemos que existem e continuam, entre o Hizbollah e a Síria e o Irã, começam a se manifestar na crise atual", afirmou. "Vemos algumas evidências de que esse grupos ligados à Síria (...) têm um papel muito mais ativo em atiçar as chamas da violência".
Khalil Hassan/Reuters |
Fumaça cobre estação de TV incendiada por homens armados; Líbano corre risco de guerra |
Um porta-voz da Casa Branca afirmou: "Os EUA estão consultando outros governos na região e no Conselho da Segurança da ONU sobre medidas que devem ser tomadas para conter os responsáveis pela violência em Beirute".
A Síria afirmou que o conflito é assunto interno do Líbano, enquanto o Irã culpou "as interferências aventureiras" dos EUA e de Israel pela violência.
Uma fonte da oposição disse à agência Reuters que o Hizbollah e seus aliados iriam manter os bloqueios nas ruas, incluindo barricadas nos caminhos ao aeroporto, até que uma resolução completa da crise. "Todos os assuntos estão relacionados. Beirute continuará fechada até que exista uma solução política."
Um influente líder pró-governo pediu diálogo. Walid Jumblatt, líder da minoria drusa, disse que o Hizbollah "independente de sua força militar, não pode anular o outro".
Com Reuters
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u400442.shtml
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