sábado, 18 de julho de 2009

Uma bomba-relógio chamada Honduras







Na véspera de mais um encontro na busca do acordo – neste sábado, em San José, capital da Costa Rica –, declarações agressivas de lado a lado elevaram a tensão em Honduras.

Analistas dizem que a reunião de hoje é a última chance de acordo. O mediador, o presidente costa-riquenho Oscar Arias, dizia-se confiante em razão do “abrandamento” dos discursos das duas partes e apostava na criação de um governo de união nacional.

No entanto, declarações do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, no cargo desde o golpe de 28 de junho, não justificam a confiança de Arias. Micheletti advertiu que o exército “está preparado para repelir” qualquer tentativa de intervenção estrangeira. De acordo com o presidente interino, vários países estão “infiltrando grande quantidade de gente” para cometer “atos guerrilheiros” em dois ou três departamentos de Honduras. Ele não citou os governos que supostamente estariam fazendo isso, mas a referência era clara: a Venezuela de Hugo Chávez e a Nicarágua de Daniel Ortega, principalmente, mas também o Equador e a Bolívia.

Chávez chegou a alertar que a crise hondurenha, desencadeada pela deposição do seu aliado Manuel Zelaya, pode levar o país a uma guerra civil de alcance regional. Também segundo Chávez, o presidente deposto pretende retornar a Honduras de qualquer jeito, “nas próximas horas”, por qualquer das fronteiras do país e até desconsiderando o risco de vida que correria. Ao mesmo tempo, manifestantes pró-Zelaya bloqueavam pontos das fronteiras com El Salvador e Guatemala, pedindo a restituição do presidente deposto. Também mantinham bloqueios nas vias que ligam Tegucigalpa ao sul e ao norte do país.

O atual governo hondurenho sustenta, para reforçar a tese de uma revolta popular insuflada por agentes externos, que ontem foram capturados, dentro das suas fronteiras, 56 nicaraguenses, supostamente envolvidos em protestos pró-Zelaya.

A preocupação com interferências externas levou Honduras a denunciar Chávez ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), por “ameaçar a segurança nacional”. Informações extraoficiais dão conta da mobilização de tropas hondurenhas e nicaraguenses na fronteira entre os dois países. Ainda que ambos os governos neguem a informação, a notícia aumentou ainda mais a tensão.






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