sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Em reunião, policiais civis organizam paralisação nacional

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Sindicatos querem se encontrar com Lula e greve será reforçada após confronto com a polícia militar


Bruno Tavares, de O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - Policiais civis de todo o País programam uma paralisação de 24 horas no dia 29 de outubro em solidariedade à greve da corporação em São Paulo. Durante a reunião entre centrais sindicais e sindicatos da Polícia Civil, na tarde desta sexta-feira, 17, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, afirmou que vai articular um encontro dos grevistas com o presidente Lula, que seria feito no sábado.

Na reunião, que foi feita na sede do Sindicato dos Policiais Civis, no centro de São Paulo, os policiais civis confirmaram que vão reforçar a greve depois do confronto com policiais militares na tarde de quinta, quando pelo menos 32 pessoas ficaram feridas nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes.

Pela manhã, o presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia de São Paulo, João Batista Rebouças, afirmou que a greve seria radicalizada. Segundo ele, as delegacias que não haviam aderido a greve durante um mês de paralisação resolveram se unir ao movimento. Rebouças afirmou que policiais civis de todo o País estão se mobilizando para um protesto na próxima semana. "Vamos protestar contra a intransigência do governador José Serra", disse.

Nesta sexta, Lula afirmou que o confronto é "deplorável". Enquanto isso, o governador José Serra criticou o PT, a CUT e os sindicalista, afirmando que o movimento grevista havia se tornado político. As afirmações foram feitas após o conflito.

Crise

Até a noite de quinta, os líderes das associações e sindicatos de policiais de São Paulo não sabiam de que forma retomar a negociação com o Estado. "Aconteceu o que mais temíamos. Eu havia alertado o senadores Sérgio Guerra (PSDB), Aloízio Mercadante (PT) e Romeu Tuma (PTB), na quarta, de que era preciso negociar. Estamos em uma crise profunda. Não sabemos ainda as conseqüências que ela terá", afirmou o delegado Sérgio Marcos Roque, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, a maior e até então mais representativa entidade da Polícia Civil.

Tido como um líder moderado, Roque se transformou em um dos últimos interlocutores que o governo tinha entre as entidades da Polícia Civil. Assim é que, no momento em que os integrantes dos sindicatos da polícia organizavam a marcha ao palácio, Roque se reunia com dois deputados estaduais do PSDB e um do PV, todos da base do governador José Serra. Entre eles estava Mauro Bragato. A idéia era buscar a mediação para resolver a crise.

O problema era todo em torno do índice de reajuste dos salários. O governo alegou que uma nova proposta, com dois dígitos de reajuste neste ano, teria um valor proibitivo: R$ 200 milhões. Em outras palavras: isso é quanto custaria aumentar a proposta do Estado de reajuste de 6,2% para, no mínimo, 10%.

Parece pouco para quem gasta R$ 7 bilhões com a folha de pagamentos da Segurança Pública, mas o secretário Sidney Beraldo (Gestão Pública) afirmou ao Estado: "Chegamos ao limite. Estamos diante de uma crise que poderá trazer conseqüências à arrecadação do Estado no próximo ano."

Procurada, a Secretaria de Gestão Pública reafirmou, por meio de nota, as propostas que fez à categoria. O governo propõe aumento linear de 6,2% a policiais civis da ativa, aposentados e pensionistas; aposentadoria especial; reestruturação das carreiras com a eliminação da 5ª classe e a transformação da 4ª classe em estágio probatório; e a fixação de intervalos salariais de 10,5% entre as classes. O governo diz ainda que quer reajustar em 38% o salário base dos delegados.

Os delegados consideram ridícula a proposta, pois o reajuste de 38% só seria dado a poucas dezenas de policiais que ganham o piso e estão em estágio probatório. O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado (Sindpesp), José Leal, em entrevista ao Estado, contestou. "O governo não procurou os policiais para discutir a questão da reestruturação", diz. Segundo ele, os profissionais perdem os adicionais quando se aposentam. Portanto, uma decisão que só favoreça quem está na ativa não agrada.

Beraldo, por sua vez, tentava mostrar aos líderes moderados das associações da polícia que o governo não é intransigente. "Nossa proposta inicial significava um gasto de R$ 300 milhões. Fizemos um enorme esforço e, com a aposentadoria especial, as promoções e o aumento de 6,2%, chegamos a R$ 600 milhões." Agora, porém, não há consenso. Os líderes mais moderados, ligados às associações, ainda procuram o que fazer. Há sindicalistas que defendem que a greve seja retomada com mais força. Outros propõem uma "trégua". A maioria considera que um próximo passo, para encerrar o impasse, venha do governo.


www.estadao.com.br/cidades/not_cid261809,0.htm




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