domingo, 26 de abril de 2009

Dama da Lapa

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Dira Paes completa 25 anos de carreira e rouba a cena do horário nobre na pele da fogosa Norminha de Caminho das Índias

O inacreditável forró de refrão-chiclete (“Você não vale nada/ mas eu gosto de você”) que embala as cenas de Norminha – fogosa dona de casa da Lapa que dá um perdido no marido nas madrugadas de Caminho das Índias – tem sido a deixa para Dira Paes brilhar no horário nobre. Musa do cinema nacional, com um punhado de títulos campeões de bilheteria, a atriz demorou a deslanchar na televisão. Mas repete agora o sucesso popular só experimentado por ela como a abilolada empregada doméstica Solineuza, do seriado A Diarista.

– De um tempo para cá, os meus trabalhos na TV tomaram outra dimensão, o eco tem sido maior. Mas eu quero ter cara de atriz que pode se transformar em qualquer personagem. Nunca entrei numa ansiedade de popularizar a figura da Dira – garante a paraense de 40 anos, que chega para a entrevista, num clube na Barra, perto de sua casa, acompanhada do filho Inácio, de 11 meses, e da babá. Com o cabelo solto e macacão tomara-que-caia larguinho, Dira passa longe do estilo de Norminha.

– Norminha é uma dama da Lapa. Uma mulher que transborda – diverte-se Dira. – Glória Perez (autora de Caminho das Índias) já tinha me avisado que Norminha seria um gol.

Um golaço. Falsa moralista que dá leite com canela para o marido apagar e poder cair na noite, Norminha guarda mistérios.

– Tudo dá a entender que ela é uma bela da tarde – diz, referindo-se ao filme de Luis Buñuel.

O que está claro é que Norminha é uma mulher de autoestima elevada. Dira, que tem aval para improvisar em cena, sempre dá uma ajeitada no sutiã e criou para a personagem um outro tique: o beijinho no próprio ombro.

– Uso um body cor da pele para ficar mais silhuetada e um sutiã bem apertado para dar aquele “tchum!”. Escondo o microfone dentro do corselete.

Assim como Solineuza, Norminha poderia ser apontada como caricata: uma era a burrinha de voz esganiçada, e a outra é a boazuda. Mas um papel desses nas mãos da atriz ganha sutilezas.

– As duas são personagens de fácil identificação. Mas atrás da gostosa e da burrinha existem nuances. Norma tem ego inflado, é uma pessoa a serviço do seu prazer – discorre Dira, garantindo que não se desentendeu com Cláudia Rodrigues, estrela de A Diarista, nos bastidores.

Dira rodou sete longas, de 2 filhos de Francisco a Baixio das Bestas, durante os três anos e meio em que atuou como Solineuza. Para ela, Norminha é um ser totalmente crível.

– Norminha é um estado hormonal. Toda mulher tem uma dentro de si. Em geral, ela bate por volta dos 30 anos – brinca a atriz, casada com o cinegrafista Pablo Baião há três anos.

A atriz rodou o novo longa de Tizuka Yamazaki (Amazônia Caruana) pouco depois do nascimento de Inácio e está no elenco de A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele, previsto para estrear este ano.

- Faço 25 anos de carreira em 2009 e vivo uma fase inquietante. Para mim, é natural me desdobrar.

Mas é difícil administrar tudo isso?

– As dores ficam para debaixo do chuveiro – confessa. Rafael França, TV Globo





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