quarta-feira, 5 de maio de 2010

Transplante de rosto fica cada vez mais comum e tem resultados bons


O procedimento é complexo, porque tem que religar as conexões sanguíneas, nervosas e musculares, para fazer o rosto reviver. 




O rosto novo de um espanhol correu o mundo ontem (04). É uma imagem de esperança e dos avanços da tecnologia. A equipe do Bom Dia foi às ruas ouvir especialistas. A comunidade médica está otimista, mas mantém a cautela.

É uma cirurgia bastante complexa que envolve muitos riscos para o paciente, mas mesmo assim as cirurgias de transplantes de rosto estão se tornando cada vez mais comuns. O resultado é sempre muito impressionante.

A imagem impressiona e a técnica também. Rafael tinha o rosto deformado por causa de uma doença genética. Ele fez um transplante parcial de rosto no início do ano na Espanha e ontem recebeu alta.

“Representa algum ato isolado de ousadia médica e autorizada pelos órgãos governamentais como uma possibilidade terapêutica que pode beneficiar um paciente e que pode no futuro beneficiar um número muito grande de pacientes se isso se estabelecer na prática assistencial”, comenta o diretor do Hospital do Rim de São Paulo José Osmar Medina.

Os transplantes de órgãos como córneas, rins, fígado, pulmão já são feitos com rotina. Mas outros como intestino, membros e rosto ainda são experimentais.

Transplantar uma face é como recortar uma máscara e colocá-la em alguém. Mas isso com todas as complexidades de um transplante, como religar as conexões sanguíneas, nervosas e musculares, para fazer o rosto reviver em uma nova pessoa, com movimento, função e, quem sabe, até expressão.

“Sem essa ‘enervação’ fica uma face parada, o paciente não mostra os seus sentimentos de choro, tristeza, alegria, sorriso”, diz o secretário-geral da SBCP-SP José Teixeira Gama.

O primeiro transplante deste tipo foi feito na França em 2005, em uma mulher mordida por um cachorro. Outro caso conhecido é o da americana Connie Culp, que foi baleada pelo marido.

O mais recente foi divulgado no mês passado. A Espanha anunciou ter feito o primeiro transplante total de face. Essas cirurgias são consideradas uma vitória da medicina. A pele é um órgão extremamente suscetível à rejeição. É necessário reduzir drasticamente a imunidade dos pacientes para evitar que o organismo tente expulsar a nova face. O que deixa a pessoa mais exposta a doenças.

“Alguns transplantes que já foram feitos não funcionaram tanto quanto nós queríamos. Outros estão funcionando mais a base de imunossupressores muito fortes, pode ser um caminho que está sendo aberto. Temos que aplaudir o que eles estão abrindo, aplaudir a iniciativa, mas vê-la com cuidado”, destaca o cirurgião plástico Ivo Pitanguy.

Quem faz um transplante precisa tomar remédios contra a rejeição continuamente. Mas, de resto, pode ter uma vida praticamente normal. Essas cirurgias são sempre bastante complexas e envolvem várias especialidades médicas. Em alguns casos, os médicos chegam a se revezar sobre a mesa de operação.





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