Por Alessandra Saraiva
Rio - O impacto da disparada no preço do minério de ferro no atacado (de -1,06% para 27,16%) foi determinante para a taxa maior da segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que subiu 0,95% em maio após avançar 0,50% em igual prévia em abril. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o minério de ferro respondeu por 0,69 ponto porcentual da inflação atacadista mensurada na segunda prévia de maio, que foi de 1,19%; e por 0,45 ponto porcentual da taxa da segunda prévia do IGP-M. "O minério respondeu por quase a metade do resultado da segunda prévia", resumiu o especialista.
Quadros lembrou que a matéria-prima passou por um recente reajuste de preços. Analistas de mercado estimam que o aumento tenha sido entre 80% e 100%. Esse reajuste coincidiu com o aumento da importância do minério no cálculo da inflação medida pelos Índices Gerais de Preços (IGPs). Em abril, com a utilização de novas ponderações para os produtos pesquisados no atacado pela FGV, o peso do minério de ferro no cálculo da inflação no atacado aumentou de 1,06% para em torno de 2,5%. "Na segunda prévia de abril, o reajuste do produto ainda não tinha sido captado. A influência do minério foi preponderante no resultado", afirmou.
O especialista, porém, fez uma ressalva. Na análise de Quadros, a movimentação de preços principalmente no atacado está sendo "sombreada" pelo forte impacto do aumento no preço do minério. Em sua avaliação, outros pontos também merecem ser destacados, como a manutenção da inflação de bens intermediários em um patamar elevado, da segunda prévia de abril para igual prévia em maio (de 0,72% para 0,70%). "O fato de os preços dos bens intermediários continuarem subindo na faixa dos 0,70% é relevante. Isso significa que há uma pressão de aumentos nos preços dos produtos industriais, que continua a aparecer no atacado, e pode se espalhar para outros segmentos", afirmou. "A alta do minério foi, sim, muito aguda, mas reflete um ponto de elevação originado de um sistema de precificação que está caindo em desuso", disse ele, explicando que, diferentemente de outras commodities, o preço do minério fica estagnado até sofrer um reajuste em um período específico do ano.
Outras commodities também ajudaram a formar a taxa maior do IGP-M em sua segunda prévia do mês. O analista comentou que houve término de deflação em produtos como cana-de-açúcar (que passou de -1,22% para 4,98%) e soja em grão (de -3,47% para 3,18%) da segunda prévia do IGP-M de abril para igual prévia em maio, o que reflete a melhora na demanda por esses tipos de produtos.
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